PROJETO INTEGRADO
Universidade do Porto | Faculdade de Medicina Dentária
1º Ano de Mestrado Integrado em Medicina Dentária
Como atua o KSHV?
Fig. 3 – Fases do ciclo de vida do KSHV.
Já no interior da célula, o ciclo de vida do KSHV divide-se em duas fases distintas: fase latente e fase lÃtica. (21)
Durante a fase latente (fase predominante), é expresso um número limitado de genes virais, tendo como objetivo apenas a permanência do vÃrus na célula infetada por este. (4, 11) Esta fase permite, ainda, que o vÃrus não seja detetado pelo sistema imunitário do hospedeiro, escapando, desta forma, à s respostas antivirais do mesmo. (2, 21)
O genoma do KSHV latente persiste como uma cromatina extremamente ordenada, tratando-se de um epissoma circular a partir do qual não são produzidas partÃculas infeciosas virais (viriões).
sequência de RNA longa e não codificante que já sofreu poli-adenilação mas não splicing, sendo por isso uma molécula instável. A proteÃna ORF57 promove a estabilização deste transcrito, ligando-se diretamente a este e promovendo o splicing, do qual resulta o mRNA. (22, 23)
Os genes lÃticos que codificam as proteÃnas envolvidas na formação do virião infecioso podem ser classificados em três classes: precoce imediato (immediate early- IE), precoce (early-E) e tardio (late-L). (12)
Ao contrário da replicação do DNA latente, a replicação do DNA lÃtico depende das proteÃnas de replicação do KSHV e ocorre via mecanismos cÃclicos, levando à repetida amplificação do DNA viral. Algumas das proteÃnas resultantes da tradução (como a vGPCR) são capazes de inibir a resposta imunitária, provocar instabilidade genética e impedir a apoptose das células do hospedeiro. (4, 12)
Como consequência da replicação lÃtica ocorre a libertação de partÃculas virais maduras infeciosas através da rutura da membrana da célula hospedeira. (20, 21)
Após a transmissão do vÃrus, dá-se a infeção que consiste na ligação entre as glicoproteÃnas do envelope do KSHV e recetores presentes na superfÃcie da célula hospedeira. Este passo leva à libertação de partÃculas virais no citoplasma da célula e ao transporte do DNA viral para dentro do núcleo da mesma, onde o DNA do KSHV se pode manter sob a forma de DNA circular epissomal, segregado durante a mitose como um cromossoma da célula hospedeira. (2, 20)
Tendo em conta que o genoma do KSHV não codifica nenhum componente viral necessário para a replicação do DNA latente, surge a LANA (Latency Associated Nuclear Antigen) – proteÃna exclusiva da fase latente – codificada pela ORF73 e associada a regiões de heterocromatina, que é responsável pela replicação desse DNA viral, assegurando a distribuição equitativa dos epissomas replicados por cada célula filha, durante a mitose. Para que este processo seja possÃvel, a LANA liga-se a sequências denominadas por LANA-binding que se encontram na região da repetição terminal (TR) do genoma. (12, 20)
O contacto com diversos estÃmulos (imunossupressão, stress oxidativo, hipoxia, citocinas inflamatórias, co-infeção viral e agentes modificadores da cromatina) leva à alteração da estrutura do DNA, na qual a heterocromatina (reduzida expressão génica) passa a eucromatina (elevada expressão génica). (12) Esta alteração leva à ativação do K-Rta, um transativador viral que interage com um domÃnio RRE, presente no promotor do K-Rta, e que é capaz de perturbar a fase de latência do KSHV e induzir a fase lÃtica. (14, 22)
Após a ativação do K-Rta, este procede ao recrutamento de proteÃnas envolvidas na transcrição do DNA viral, tais como a ORF57. Esta última, recruta o complexo hTREX (human transcription and export complex), responsável por efetuar a trancrição, obtendo-se o PAN RNA -
O mRNA obtido pode, posteriormente, associar-se ao DNA da célula hospedeira levando à formação de uma estrutura tripla hibridizada – os R-loops. Estes causam, muitas vezes, a instabilidade genética e o consequente desenvolvimento tumoral, uma vez que interferem com a replicação do DNA da célula. (23)
Fig. 1 - Infeção da célula hospedeira.
Fig. 2 – LANA-1 associada ao DNA viral.
Fig. 4 – Formação dos R-loops.